da Obra: IndignAÇÃO
Certa vez quando fazia parte do Conselho
Municipal do FUNDEB discutíamos o valor do rateio que os professores
deveriam receber, o que pelas nossas contas seria algo em torno de 5 mil reais,
valor bem acima dos 2 mil propostos pelo governo municipal da época. A
discussão fluía tranquilamente até que a presidente do conselho que era
diretora nomeada pelo gestor municipal e que ate aquele momento não havia se
pronunciado, se levantou, encerrou a reunião e disse:
Por quê?
"Tanto faz se o prefeito pagar 5
ou 2 mil reais. Nunca se pagou rateio nesse município mesmo".
Não consegui ouvir aquele absurdo calado,
disse a ela que o prefeito iria pagar os cinco porque era um direito dos
professores, mas quando ela fosse ao banco receber, avisasse ao maior número de
pessoas possível, pois só assim, teria a certeza que mais tarde algum ladrão
iria lhe visitar, mas esse seria um ladrão bom, que dos 5 mil roubaria apenas
três e deixaria os dois.
Feito
isso, ao invés de denunciar o ladrão, ela deveria lhe agradecer e fazer uma
festa em sua homenagem, afinal, nunca houve um ladrão que estando diante de 5
mil reais, roubasse apenas três com o intuito de deixar dois para a vítima.
Ao ouvir
meu desabafo, ela disse: Ah! mas nesse caso é diferente! Então mas
uma vez eu retruquei:
Por quê?
Por que um
usava havaianas e o outro terno e gravata?
Sei que é triste ouvir coisas deste tipo da
boca de uma educadora que deveria dar exemplo a seus educandos, mas
fazer o quê? "Quando eu perder a capacidade de indignar-me ante a
hipocrisia e as injustiças deste mundo, enterre-me: Por certo que já estou
morto" (Augusto Branco)