segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

A diretora, o ladrão engravatado e o pé de chinelo

da Obra: IndignAÇÃO

Certa vez quando fazia parte do Conselho Municipal do FUNDEB discutíamos o valor do rateio que os professores deveriam receber, o que pelas nossas contas seria algo em torno de 5 mil reais, valor bem acima dos 2 mil propostos pelo governo municipal da época. A discussão fluía tranquilamente até que a presidente do conselho que era diretora nomeada pelo gestor municipal e que ate aquele momento não havia se pronunciado, se levantou, encerrou a reunião e disse: 

"Tanto faz se o prefeito pagar 5 ou 2 mil reais. Nunca se pagou rateio nesse município mesmo"

Não consegui ouvir aquele absurdo calado, disse a ela que o prefeito iria pagar os cinco porque era um direito dos professores, mas quando ela fosse ao banco receber, avisasse ao maior número de pessoas possível, pois só assim, teria a certeza que mais tarde algum ladrão iria lhe visitar, mas esse seria um ladrão bom, que dos 5 mil roubaria apenas três e deixaria os dois.

Feito isso, ao invés de denunciar o ladrão, ela deveria lhe agradecer e fazer uma festa em sua homenagem, afinal, nunca houve um ladrão que estando diante de 5 mil reais, roubasse apenas três com o intuito de deixar dois para a vítima. 

Ao ouvir meu desabafo, ela disse: Ah! mas nesse caso é diferente! Então mas uma vez eu retruquei: 

Por quê? 
Por que um usava havaianas e o outro terno e gravata?

Sei que é triste ouvir coisas deste tipo da boca de uma educadora que deveria dar exemplo a seus educandos, mas fazer o quê? "Quando eu perder a capacidade de indignar-me ante a hipocrisia e as injustiças deste mundo, enterre-me: Por certo que já estou morto" (Augusto Branco)